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A evolução da indústria hoteleira com uso da Inteligência Artificial

Novas tecnologias melhoram a gestão operacional, otimizam receitas e tornam a experiência do hóspede mais completa

Nos últimos anos, a IA – Inteligência Artificial tem se estabelecido como uma força transformadora em diversas áreas da sociedade moderna. De sistemas autônomos a assistentes virtuais, a IA está redefinindo não apenas como interagimos com a tecnologia, mas também como ela molda nossas vidas diárias.

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A Inteligência Artificial capacita computadores a aprender com dados, resolver problemas complexos, reconhecer padrões e até mesmo simular processos de pensamento humano. Com avanços significativos em algoritmos de aprendizado de máquina e redes neurais, a capacidade das máquinas de interpretar e agir com base em informações está atingindo novos patamares de sofisticação e eficiência. Até mesmo o conceito de hospitalidade está sendo transformado por essa nova tecnologia, oferecendo eficiência operacional, personalização e conveniência sem precedentes. Há diversos tipos de IA como o Machine Learning (aprendizado de máquina), o Deep Learning e a IA Generativa. Essas abordagens permitem que os sistemas aprendam com dados, melhorando continuamente seu desempenho sem intervenção humana direta. Aplicações práticas dessas ferramentas no setor hoteleiro incluem desde recomendações personalizadas para hóspedes até a previsão de demanda por quartos, otimizando assim a operação dos hotéis de forma eficiente e precisa. Neste cenário dinâmico, hotéis ao redor do mundo estão adotando tecnologias inovadoras para não apenas melhorar a experiência do cliente, mas também otimizar recursos e aumentar a competitividade no mercado globalizado. O uso de chatbots e ferramentas de automação foram os primeiros passos rumo a essa transformação digital, mas atualmente há muito mais opções que o segmento pode adotar.

A experiência do hóspede é um ponto muito importante quando falamos de hospitalidade e a tecnologia tem um papel cada vez mais importante nesse processo. Pesquisa recente do Hotel Tech Report para o relatório anual State of Hotel Guest Technology 2024 mostrou dados interessantes sobre o a relação dos hóspedes com a tecnologia nos hotéis, como:

  • 70% dos hóspedes consideram os chatbots úteis para consultas simples, mas preferem a interação humana para solicitações mais complexas
  • O principal motivo pelo qual os hóspedes preferem um chatbot em um hotel é quando solicitam a senha do wi-fi, seguido pelo agendamento de chamadas de despertar e verificação do horário de funcionamento das instalações do hotel.
  • 58% dos hóspedes sentem que a IA melhora as suas experiências de reserva e estadia em hotéis
  • 65% dos viajantes desejam que a tecnologia em seus hotéis seja mais moderna do que a tecnologia em suas casas.
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Outro ponto importante é a otimização da eficiência operacional. Sistemas de Inteligência Artificial podem automatizar tarefas rotineiras como reservas, check-ins e check-outs, liberando funcionários para se concentrarem em interações mais significativas e personalizadas com os hóspedes. Além disso, algoritmos são capazes de analisar grandes volumes de dados para prever padrões de demanda, ajustar preços dinamicamente e gerenciar inventários de quartos de forma mais eficaz, maximizando a ocupação e receita do hotel. Além disso, a melhoria na gestão de recursos também é importante, com a IA, é possível monitorar o consumo de energia e água em tempo real, identificando oportunidades de economia e sustentabilidade ambiental. Há também sistemas de manutenção preditiva baseados em IA podem prever falhas em equipamentos antes mesmo de ocorrerem, permitindo reparos proativos e reduzindo custos com manutenção corretiva.

Inteligência Artificial já é uma realidade acessível

Como podemos perceber, há muitas ferramentas e usos para a IA no segmento de hotelaria e hospitalidade, mas como escolher o que melhor se adequa ao tamanho do negócio, o perfil do hóspede, entre outras coisas? Claudio Cordeiro, Diretor de hotelaria da Totvs, afirma que antes de falar propriamente de tecnologia, é preciso dar um passo atrás. “Primeiramente o gestor, o hoteleiro, precisa definir o que ele quer resolver e extrair da Inteligência Artificial, porque é uma tecnologia muito ampla que vai desde um robô até um algoritmo que entrega dados estatísticos. Na minha visão, a curto prazo o hoteleiro precisa direcionar o esforço para operar ou montar um hotel de acordo com o perfil do cliente que ele atende. A IA pode dar uma noção bem clara e exata do que o cliente dele gostaria de receber e também vai mostrar o que pode ser melhorado. Em cima de bons dados a IA pode mostrar um caminho para ser mais rentável. Esse é um primeiro ponto, que é fácil de fazer, com ferramentas que estão disponíveis e com bom custo de aquisição”. Claudio complementa fazendo uma análise básica de como a IA funciona. “A IA analisa os dados que estão disponíveis e retornam com uma informação qualificada em cima desses dados. Então antes de investir em IA é preciso saber se os dados que o hotel coleta são qualificados. Ter boa gestão de dados é o primeiro passo para a IA funcionar bem. É possível usar dados globais, mas essa informação está disponível para todo mundo, então seu produto não vai se diferenciar. É preciso ter qualificação na coleta de dados para poder oferecer um produto personalizado. Analisar os dados específicos dos hotéis e cruzar com os dados globais é a mescla ideal para uso da IA”.

A evolução da indústria hoteleira com uso da Inteligência Artificial
Claudio Cordeiro: “Em cima de bons dados a IA pode mostrar um caminho para ser mais rentável” (Foto – Divulgação)

Pensando nos desafios atuais do mercado hoteleiro que inclui a fragmentação dos sistemas que muitas vezes dificulta a gestão de diversas plataformas, a Totvs desenvolveu o THOR – Totvs Hotelaria Otimizador de Receita, um sistema que pode compilar os dados de forma assertiva, utilizando essas informações para fazer a precificação, flutuando as tarifas de forma ágil, sendo assertivo nos períodos de alta demanda, além de distribuir as tarifas focando nos canais de menor custo e acompanhar toda a jornada de compra do hóspede.

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O sistema é baseado em três pilares:

Gestão – dados centralizados em uma única plataforma; gerando simplicidade e maior agilidade nas análises

Estratégia – Maior assertividade pautado em análises de passado e futuro, proporcionando maior segurança nas tomadas de decisões

Conectividade – Melhoria das API’s e automatização das flutuações adaptando-se às mudanças de cenário.

E em sua primeira versão apresenta quatro funcionalidades: Dashboard – dados voltados para precificação (revpar, reservas, diária média); Tarifas – visão dinâmica por segmento, por canal, por UH; Disponibilidade – gerenciamento de disponibilidade por parceiro; e Calendário – valores cadastrados para cada tipo UH, tarifa pública (base) e variações. Visão de flutuação. Cadastrar as variações, restrições (número mínimo de noites), cancelamento de reserva, o sistema identifica e distribui para os parceiros, tudo automatizado.

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Um dos empreendimentos que fazem parte do projeto piloto da nova ferramenta é o Hotel Toriba de Campos do Jordão. De acordo com Vicente Barbedo Brandão Neto, Controller e Coordenador de Tecnologia do hotel, o grupo Toriba vem investindo em tecnologia desde 2019 quando instalou fibra ótica em 100% de suas instalações, pontos de venda e filiais. “Com a pandemia os investimentos foram ainda mais substanciais com cobertura por wi-fi em todos os espaços e contratação de links de dados dedicados para proporcionar o máximo de conectividade. Com isso, outros serviços foram migrando gradativamente para a Internet. Hoje nada é local ou em papel. Usamos PMS, POS e Backoffice 100% baseado na nuvem, geração de NFCe, NFSe e FNRH automáticas tudo em cloud; check-in expresso com assinatura via smartphone do cliente onde e quando ele quiser, além do PIX incorporados em todas as soluções de pagamento com integração via API, seja nos PDVs, motor de Reserva e PMS. Desta forma, toda estrutura financeira e fiscal está automatizada e eletrônica. Além disso, usamos APPs de governança mobile e comanda eletrônica mobile, totem de atendimento touch e KDS nos restaurantes para realização de pedidos em tempo real dentro da cozinha. Os apartamentos usam TV digital que em breve também estará conectada ao PMS”.

Vicente explica que o THOR é mais uma ferramenta tecnológica que o hotel utiliza, sendo mais focada em análise de dados para melhoria de desempenho, perfil de compra do hóspede e otimização de receita que usa uma IA que para um humano seria impossível conseguir. “A parceria apareceu quando a Totvs percebeu que o Toriba apesar de tradicional com seus 80 anos, estava fazendo um uso “fora da curva” de tecnologia de seus produtos e indo muito além do usuário comum. O Toriba fez esse movimento por ser um hotel independente com gestão enxuta e enfrentando uma escassez de mão de obra qualificada pós-pandemia. O Toriba viu então na tecnologia uma forma de não precisar aumentar a contratação de mão de obra, podendo reduzir ou até mesmo extinguir departamentos e rotinas, com automatização de tarefas que além de proporcionar ganho de tempo, reduziu custos e pode direcionar seus recursos humanos para o mais importante: o cliente”, frisa.

A evolução da indústria hoteleira com uso da Inteligência Artificial
Vicente Brandão: “O Toriba apesar de tradicional com seus 80 anos, faz um uso “fora da curva” de tecnologia de seus produtos e indo muito além do usuário comum” (Foto – Divulgação)
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Claudio destaca que os hotéis precisam investir em inovação e que há ferramentas para todos os tamanhos e tipo de empreendimentos. “Pensando no perfil do setor hoteleiro estamos desenvolvendo soluções com menor custo de aquisição, user friendly e empacotado, ou seja, que já vem com um passo a passo fácil de seguir e obter resultados”. Além do THOR que é mais robusto e que será incrementado, oferecendo mais funções, a Totvs também está lançando o THEx Back, uma solução integrada com o PMS e o PDV que atende pequenos hotéis ou com operações enxutas.

Outro grupo hoteleiro que vem investindo em tecnologia é o Mabu. “Nosso movimento constante é por inovação”, afirma Jorge Della Via Junior, Diretor de Tecnologia / Inovação e CSC do Grupo Mabu. Para ele a transformação digital vem acontecendo em diversos segmentos e na hotelaria não é novidade. “No Mabu iniciamos esse processo de adaptação da IA em alguns canais de atendimento em 2021 com a criação dos nossos Assistentes Virtuais: Mia e Fred, nomes que fazem referência aos personagens do Grupo. Neles é possível o nosso cliente receber informações em primeira mão, novidades, estar por dentro da programação de lazer e conhecer a estrutura do complexo Mabu. Em menos de três anos de uso da ferramenta, além de análises e mensuração das informações em tempo real, atingimos resultados expressivo. Passamos de R$ 4 milhões em receita pela Mia e atingimos o retorno sobre o investimento em cinco meses de utilização da ferramenta. Ao todo, foram mais de 42 mil contatos ativos válidos que foram utilizados em campanhas de marketing”, destaca.

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Além dos assistentes virtuais, o executivo explica que no Blue Park, parque aquático do Grupo, todos os clientes que possuem o passaporte são cadastrados com reconhecimento facial, onde o uso da IA nesse processo agiliza a entrada desses clientes ao parque. “Em resumo, a inovação e a transformação digital no Mabu não são apenas uma melhoria tecnológica, mas um compromisso contínuo com a hospitalidade, qualidade operacional e a satisfação dos nossos hóspedes. E esse é apenas o começo, virão mais novidades e investimentos na área de tecnologia e inovação. Estamos na fase final de um grande projeto em parceria com a Google que vai impactar positivamente toda a instituição em um movimento contante por evolução”, antecipa.

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Jorge Della Via Junior: “Nosso movimento constante é por inovação” (Foto – Divulgação)

Quem também tem a inovação como um dos pilares fundamentais em sua estratégia é a Atrio Hotel Management, consolidada como a maior gestora hoteleira de capital 100% nacional e terceira maior do País. A mais recente empreitada nesse sentido foi a migração da plataforma de front office (PMS) para o Opera Cloud, tecnologia em nuvem escalável e habilitada para dispositivos móveis que potencializa as operações, permitindo também a integração de aplicações de inteligência artificial. Foram investidos R$ 3 milhões para concluir com sucesso a transição de quase 80 de suas propriedades para o Opera Cloud. “Foi um desafio significativo, porém indispensável, pois nos proporcionou a capacidade essencial para integrar novas soluções ao nosso sistema de front office. Isso amplia nossa aptidão para inovação, automatização de processos, adoção de aplicativos com IA, aprimoramento da experiência do hóspede e melhoria da eficiência operacional”, conta Carlo Fabiano Pereira, Diretor de TI da empresa. O projeto tem como principal diferencial a OHIP – Oracle Hospitality Integration Platform, API pública que permitiu a integração da espinha dorsal do PMS com outros sistemas. O Diretor de TI explica que a OHIP permite que a empresa vá além, sendo fundamental para viabilizar projetos inovadores em desenvolvimento na Atrio. Em termos de melhora nos negócios, ele destaca a centralização de dados de clientes e de hotéis permitida pela tecnologia. “A consequência imediata foi a entrega de um sistema de Business Intelligence com os principais indicadores de todas as unidades, de fácil acesso a todos os executivos e gerentes gerais, o que agiliza a tomada de decisões estratégicas”, ressalta.

De acordo com Juliana Pinheiro, Diretora de Transformação – Projetos & TI da Atlantica Hospitality International, na Atlantica é realizada uma análise minuciosa das tecnologias que de fato se viabilizam no modelo da companhia. “Na Atlantica, sempre levamos para nossos hotéis soluções que tragam mais experiência ao hóspede e eficiência em nossa operação. Exemplo disso, são as soluções como o totem de autoatendimento, que além de trazer mais autonomia para o hóspede que quer realizar seu check-in, traz mais eficiência para operação da recepção, o APP da governança, que traz uma comunicação muito mais eficiente entre governança e recepção disponibilizando o quarto mais rapidamente para o próximo hóspede. Nosso próximo lançamento será o uso de IA para atendimento personalizado ao nosso hóspede, antes, durante e depois da hospedagem”, menciona Juliana. Ela também destaca que a IA pode ser uma grande aliada na segurança, analisando imagens de câmeras para detectar atividades suspeitas, com acionamento da equipe de segurança.

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Juliana Pinheiro: “Na Atlantica levamos para nossos hotéis soluções que tragam mais experiência ao hóspede e eficiência na operação” (Foto – Divulgação)

E não é só na hotelaria “tradicional” que a IA está sendo aplicada. A hospitalidade como um todo vêm passando por transformações, oferecendo vários modelos de hospedagem. Por exemplo, o Hotel Emiliano, símbolo de exclusividade e sofisticação, que vai desde o serviço personalizado, a seleção de cortesias especiais, a gastronomia primorosa e a decoração acolhedora e minimalista, aposta em uma nova vertente de hospedagem que tem a tecnologia como um aliado estratégico. A marca V3rso propõe um novo conceito de tech boutique hotel. A proposta traz consigo uma gestão consciente, lifestyle digital e ponto de vista da hoteleira de luxo. Com o conhecimento de décadas do Grupo Emiliano, o projeto introduz a evolução tecnológica do hospedar, apoiada em uma gama de inovações e serviços customizados para uma nova geração de consumidores. O CEO do Grupo Emiliano, Gustavo Filgueiras, explica que o V3rso é uma ideia que surgiu em 2011, mas na época as tecnologias disponíveis ainda não eram adequadas para implementar a visão do Grupo. Assim, o projeto ficou adormecido até 2019, quando os comportamentos de uso da tecnologia como facilitador no cotidiano já estavam mais consolidados. “Os primeiros anos, a partir de 2019, foram focados no desenvolvimento do modelo de negócio, e a tecnologia específica começou a ser desenvolvida em 2021. A marca foi concebida com a mentalidade de uma startup. Estamos sempre prontos para ajustar ou melhorar nosso caminho conforme necessário”.

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A marca V3rso propõe um novo conceito de tech boutique hotel (Foto – Divulgação)
Eficiência operacional e otimização de receitas

Quando se fala em uso de Inteligência Artificial nos meios de hospedagem, muitas vezes vem aquela imagem de robôs, realidade virtual, realidade aumentada, e tudo que está relacionado à experiência do hóspede. Sem dúvidas essas ferramentas e experiências são muito importantes, mas tem um outro lado do uso e investimentos em IA que não é tão visível, mas é de grande importância para o setor hoteleiro, que é a gestão operacional. O uso da IA pode trazer benefícios como: redução de custos e maior produtividade da equipe; gestão de receitas, analisando dados e otimizando as tarifas levando em conta fatores como demanda, concorrência e eventos locais, melhorando as estratégias de Revenue Management; automatizar tarefas administrativas como pagamentos e gerenciamento de estoque. Mas para que a implementação seja eficiente é preciso planejamento estratégico.

Veja alguns passos para iniciar esse processo:

  • Avalie as necessidades – entenda quais são as necessidades do seu meio de hospedagem e identifique onde a IA pode trazer o maior impacto
  • Pesquise soluções – procure soluções que são mais adequadas ao seu negócio, levando em conta o custo, usabilidade e suporte ao cliente
  • Integração de sistemas – veja se as ferramentas que pretende utilizar podem ser integradas
  • Treine sua equipe – prepare os funcionários para usar a tecnologia que vai ser implementada
  • Monitore – depois de estar tudo em funcionamento, acompanhe o desempenho de seu empreendimento

Para Fabio Santana, VP de Hospitalidade na Skyone, a tecnologia, especialmente aquelas baseadas em IA, pode transformar a operação hoteleira em vários aspectos. A automação de tarefas rotineiras e administrativas reduz a necessidade de intervenção manual, resultando em menor custo com mão de obra e maior eficiência operacional. “Ferramentas de análise de dados permitem que os gestores tomem decisões informadas e estratégicas, baseadas em insights reais e não em suposições. Dessa forma, a aplicação de IA não apenas melhora a eficiência operacional, mas também eleva a qualidade do serviço e a experiência do cliente, impulsionando o sucesso do empreendimento hoteleiro”. Santana reforça a importância dos passos preparatórios para garantir que a IA opere de maneira eficiente e produtiva. “É importante integrar dados de todos os sistemas operacionais do hotel, como reservas, gestão de propriedades, feedback de clientes e sistemas de manutenção. A integração desses dados permite uma visão holística e mais precisa para a IA trabalhar. Além dos aspectos técnicos, a equipe do empreendimento deve estar preparada para trabalhar com as novas tecnologias”. E ainda chama atenção para mais um detalhe importante. “É essencial também avaliar onde os dados estão sendo armazenados. Um sistema de armazenamento centralizado e seguro, muitas vezes na nuvem, é crucial para facilitar o acesso e a análise de dados pela IA, além disso, a qualidade dos dados é fundamental. Dados desorganizados ou de baixa qualidade podem levar a resultados imprecisos e decisões erradas, sendo necessário garantir que os dados estejam bem organizados, limpos e atualizados”, argumenta.

Outro ponto importante na operação a eficiência que a automação proporciona como, por exemplo, acionar iluminação e ar condicionado à distância, fazer configuração de temperatura do quarto de acordo com a preferência do hóspede e até mesmo detectar a presença de pessoas no quarto por sensores com tecnologia de radar identificando com precisão para o sistema de economia de energia e gestão do quarto e para que não sejam incomodados pela equipe de governança. A Iluflex oferece inovação para automação hoteleira com produtos que oferecem conforto, funcionalidade e sofisticação aos hóspedes com recursos avançados para gestão dos quartos, proporcionando economia ao hotel. Ricardo Trauer, Diretor da empresa, diz que além dos recursos da automação, o software da Iluflex permite uma customização completa incluindo um menu personalizado e de fácil acesso aos serviços do hotel, mapas de localização e muito mais informações ao hóspede. Ele destaca alguns pontos principais do sistema de automação como a redução de custos de energia, maior vida útil dos drivers de iluminação dimerizável, custo de implantação relativamente baixo pelo uso de dispositivos não cabeados, com comunicação em rede mesh (rede RF mesh própria da Iluflex) que permitem reutilizar a instalação elétrica existente, integração opcional com assistentes de voz (Alexa e outros) e integração com o sistema de Gestão Hoteleira PMS. “Por meio de API´s de integração é possível proporcionar que os recursos de gestão do sistema PMS dos hotéis interajam com a automação para automatizar acesso de check-in com login ao hóspede, automatizar cenas do quarto remotamente, verificar ocupação, usar os recursos do hotel como serviços de quarto, informações, pesquisas de satisfação e vários outros recursos, seja por acesso centralizado pela recepção ou governança ou seja pelo menu da automação ou pelo menu personalizado da automação nas telas para os hóspedes”, explica.

Ricardo ainda conta que o uso da IA na automação não é um capítulo novo, mas que tem tido um incremento gradual. “Um exemplo clássico é o uso de inteligência artificial para reconhecer um comando de voz e conseguir transformar isso em uma ação, como por exemplo, ligar uma lâmpada. Claro que sem uma automação o comando de voz não consegue controlar uma lâmpada ou TV. Então existe a necessidade de criar uma integração do software que usa inteligência artificial para, depois que o desejo expresso por uma frase de comando seja interpretado, este consiga ser convertido em códigos que o sistema de automação consiga entender e tomar uma ação. Um outro uso de inteligência artificial que está mais próximo de redes neurais, consiste na interpretação dos sinais do sensor de ocupação para detectar que existe presença humana no ambiente e com isso melhorar a assertividade da detecção que o ambiente está ocupado”, finaliza.

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Ricardo Trauer: “O uso da IA na automação não é um capítulo novo, mas que tem tido um incremento gradual” (Foto – Divulgação)
Integração pessoas/máquina

A Inteligência Artificial já uma realidade e está presente no dia a dia, mas longe daquele modelo em que as máquinas substituiriam os seres humanos, hoje em dia a perspectiva é muito mais de integração entre as pessoas e a tecnologia. Apesar de todo avanço tecnológico, as pessoas são fundamentais para o sucesso do negócio, ainda mais em se tratando de hospitalidade.

Vicente Brandão, do Toriba, fala sobre como o bom uso e aproveitamento da IA pode ser benéfica para a equipe. “Com o uso correto, ela traz inúmeros benefícios visíveis sem perder a pessoalidade tão importante na hotelaria de qualidade: redução de custos, melhoria na qualidade das informações, mitigação dos erros, eliminação de rotinas e processos, assertividade das campanhas de marketing, produtos e serviços mais alinhados ao perfil do cliente, tempo de resposta e muita redução da burocracia. As informações proporcionadas pela IA são mais relevantes, precisas e de suma importância para a experiência do cliente e sucesso e longevidade do negócio. Na minha opinião para o cliente, a IA não deve ser uma interação direta, mas sim consequência de tudo o que ela proporciona”, afirma. E completa: “A equipe não perde mais tempo com análises de dados ou na elaboração de relatórios. Já existe informação demais. O ser humano já enfrenta limitações com o que fazer com tantos dados. Com a IA podemos cruzar todas essas informações em tempo real de forma até então impensada muitas vezes com o hóspede ainda na casa. Isso gera melhor personalização de atendimento, encantamento do cliente, aumento da ocupação e receita, amplia a janela do tempo de planejamento e consequentemente com melhor previsibilidade do negócio”.

Gustavo Filgueiras diz que no V3rso o uso da Inteligência Artificial é explorado para personalizar e customizar os serviços, sem nunca perder o papel essencial do elemento humano. “Com isso, aprimoramos a experiência dos hóspedes e aumentamos a eficiência operacional. A tecnologia nos permite automatizar processos complexos, como a análise de grandes volumes de dados. Isso gera insights detalhados e análises que anteriormente eram inviáveis. Os sistemas que aprendem com o comportamento dos hóspedes e podem antecipar suas preferências e necessidades, oferecendo um serviço mais personalizado e eficiente. A automação inteligente não apenas aumenta a satisfação do cliente, mas também contribui para a eficiência geral da gestão, permitindo ajustes em tempo real baseados em dados precisos e insights contínuos. A automação de tarefas repetitivas como check-in e check-out, controle de acesso por reconhecimento facial, gestão de reservas e pagamentos, e otimização de agendamento e distribuição de tarefas de governança reduz a carga de trabalho da equipe e aumenta a precisão e a velocidade dos serviços. A equipe tem uma visão integrada e eficiente dos dados operacionais do hotel e dos hóspedes, facilitando a tomada de decisões rápidas, permitindo uma operação mais inteligente e responsiva. Além das medidas técnicas, reconhecemos a importância da interação humana em nossa abordagem de hospitalidade. Apesar de toda a automação e personalização baseadas em dados, valorizamos profundamente o contato pessoal e caloroso entre nossos hóspedes e nossa equipe. Acreditamos que a verdadeira hospitalidade vai além da tecnologia, envolvendo o cuidado genuíno e a conexão humana que nossos colaboradores proporcionam. Estamos comprometidos em transformar a experiência hoteleira por meio da tecnologia, mas sempre mantendo o elemento humano no centro de nossos serviços. Para nós, a tecnologia serve para enriquecer e facilitar, mas é o toque humano que cria memórias e experiências significativas para nossos hóspedes”.

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Gustavo Filgueiras: “A tecnologia serve para enriquecer e facilitar, mas é o toque humano que cria memórias e experiências significativas para os hóspedes” (Foto – Divulgação)
O que esperar do futuro da IA na hospitalidade?

De acordo com Fabio Santana, da Skyone, o futuro do uso de IA na hotelaria é promissor e repleto de possibilidades. “Podemos esperar avanços significativos em várias áreas. A IA será capaz de entender e antecipar as necessidades dos hóspedes de maneira ainda mais precisa, oferecendo experiências únicas e altamente personalizadas. A automação de processos irá se expandir, permitindo que hotéis operem com maior eficiência e menor intervenção humana. Além disso, ferramentas avançadas de IA poderão analisar feedbacks e comentários em tempo real, permitindo que os hotéis ajustem rapidamente suas operações para melhorar a satisfação do cliente”. Juliana Pinheiro, da AHI, acredita que a IA no setor hoteleiro é fundamental. “A capacidade de implementar e utilizar Inteligência Artificial de forma eficaz pode ser um fator decisivo para a competitividade no mercado hoteleiro. Sem ela, estaremos limitados a entregas e relações tradicionais e não atenderemos as expectativas dos nossos clientes”, afirma.

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Fabio Santana: “O futuro do uso de IA na hotelaria é promissor e repleto de possibilidades” (Foto – Divulgação)

Com o uso de novas tecnologias e novas propostas de hospedagem, a indústria hoteleira também passa por um processo de mudanças estruturais. “Estamos observando uma transição para um modelo pré-pago, semelhante ao da aviação, que oferece uma flexibilidade muito maior aos clientes. Estamos na vanguarda ao permitir que os hóspedes escolham livremente seus horários de check-in e check-out, sem restrições rígidas de horário. Nossa intenção é que o V3rso funcione como um laboratório para os outros empreendimentos do grupo. Acreditamos que essas inovações representam o futuro da hotelaria. Portanto, planejamos incorporar esses conceitos gradualmente, estabelecendo um novo padrão no mercado”.

A integração da inteligência artificial em diversos setores de hotéis não apenas promete revolucionar a experiência dos hóspedes, mas também redefine o papel dos gerentes hoteleiros. Longe de criar uma atmosfera impessoal, essa tecnologia abre um leque de possibilidades que podem diferenciar um hotel e aumentar sua lucratividade frente à concorrência. Encontrar o equilíbrio entre automação, uso de tecnologia e atendimento personalizado não só capacita os gestores a tomar decisões estratégicas mais rentáveis, como também eleva a qualidade da estadia para os visitantes. “Olhando para o futuro, acredito que a evolução na hospitalidade seguirá um padrão semelhante ao visto nos automóveis. Inicialmente, havia uma preocupação com a complexidade da tecnologia nos carros, mas hoje essas inovações são essenciais para o conforto e a segurança. Da mesma forma, na hotelaria, a tecnologia será cada vez mais integrada em todos os aspectos, de forma a melhorar a experiência dos hóspedes de maneira discreta e eficaz. No entanto, enfrentamos desafios significativos. As pessoas estão buscando maneiras de usar a tecnologia para otimizar suas vidas sitem permitir que ela domine seu tempo e atenção. Encontrar esse equilíbrio será crucial para o futuro da hospitalidade, onde a tecnologia não apenas facilita, mas enriquece a experiência humana de forma genuína e sustentável”, conclui Gustavo Filgueiras.

A evolução da indústria hoteleira com uso da Inteligência Artificial
A transformação digital traz novos desafios para o futuro (Foto – DC Studio no Freepik)

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Denise Bertola

Denise Bertola é Repórter da Revista Hotéis

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