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Crise da mão-de-obra é tema no IV Fórum Nacional da Hotelaria

A penúltima palestra do 4º Fórum Nacional da Hotelaria do FOHB, evento realizado nesta sexta-feira, dia 12 de agosto, no hotel Intercontinental São Paulo, abordou o tema “A crise da mão-de-obra no pós-pandemia”, com Mariana Aldrigui, Presidente desde 2017 do Conselho de Turismo da FecomercioSP – Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo.

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O setor que sempre atraiu mão-de-obra jovem e disposta está sofrendo com a dificuldade de encontrar novos talentos. Formação insuficiente, ausência de experiência, trabalho presencial, salários e outros fatores foram analisados pela palestrante. “Não é exatamente novidade o tema, mas fiz um esforço para mostrar algo além do que é proposto. O novo normal afetou nosso setor de forma inesperada e isso estava previsto porque quando você começa a dispensar colaboradores, tem de ter uma estratégia para trazê-los de volta. Na Europa temos onda de colaboradores dispostos a qualquer condição de trabalho, e não temos isso aqui. Os estudantes saem do Brasil e se sujeitam a afazeres que não se sujeitariam aqui, somente pela experiência de fazê-lo na Disney ou em algum resort na continente europeu”.

Crise da mão-de-obra é tema no IV Fórum Nacional da Hotelaria
A Sala Di Cavalcanti do hotel InterContinental está com lotação máxima para receber esse evento
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Segundo Mariana, “Não dá para imaginar que alguém que foi desligado ficou parado esperando algo acontecer. Muito provavalmente ela está recolocada ou em outro setor, o que é muito mais comum. O Brasil é o nono em falta de mão-de-obra qualificada. Onde falta muita mão-de-obra, entre outros setores, são bancos, finanças, tecnologia e hotelaria. Temos uma concorrência mental, de prestígio, de imagem profissional. Nas últimas semanas, além da grande demissão o quiet quitting cresceu e o fato é que a great resignation pega acima de 35 e 40 anos para pessoas que buscam novos propósitos. A partir dos 35 e olhando tudo o que aconteceu, a pessoa pensa: ‘será que eu quero mesmo isso?’. Todo mundo pensou. O que vale destacar e o que é além da questão profissional e sim comportamental, é a busca do equilíbrio entre trabalho e tempo de lazer. Eles são preguiçosos, sim, mas a questão é como isso é colocado na mídia”.

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Referenciais modernos

Mariana Aldrigui explica que hoje, o seis por um na hotelaria é vencido pelos dez dias seguidos em condições precárias no Rock in Rio, por exemplo. “O que aconteceu é que nos últimos dez anos não houve aceleração tecnológica e sim compensação do tempo perdido e o aumento das vagas digitais cresceu. O fato é que os anúncios de vaga estão prestigiando o trabalho remoto. Todos os anúncios que vem com trabalho remoto chamam mais a atenção porque significam menos exposição no transporte público, possibilidade de trabalhar de pijamas e acordar mais em cima da hora. Para escolher turismo e hotelaria não existe vocação, não existe uma criança que sonhou em ser hoteleira. Explodimos junto com a explosão dos cursos de turismo no Brasil. Os novos alunos estão interessados em outros temas como influencer. Ganha muito, viaja muito, e a ideia de sucesso instantâneo atrai e seduz mais, basta olhar o Rock in Rio e a cobertura com os espaços voltados para esse nicho”.

Falhando na mensagem

Mariana explica que a falha do turismo e da hotelaria é a falha no envio da mensagem aos novos alunos acerca dos atrativos dos dois setores. “Carreiras promissoras em 2022 não tem nada próximo do turismo e da hotelaria. Hotelaria hospitalar no entanto, cresceu bastante. Porém, onde estão os candidatos? Temos a melhor universidade do Brasil, a USP, e tivemos catorze menos buscas nos últimos dez anos em se tratando de turismo. O curso não é interessante, sobretudo porque os pais não acham interessante. Isso já dá uma noção de como devemos realinhar a nossa demanda de mão-de-obra. O ensino superior mudou e toda a pressão que tivemos em expansão e qualidade não significa retorno na mesma proporção. Se muita gente conseguiu viajar nos últimos anos e quer ser influenciador, não precisa mais estudar para isso. Novas carreiras ocuparam o espaço da hotelaria”.

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Alternativas para a indústria

De acordo com a palestrante, as alternativas para o setor são poucas. “A primeira coisa é a adequação das exigências dos cargos. Segundo, os programas de treinamento e retenção. Existem falas nas quais nos amarramos que são, por exemplo, ‘se eu treinar, meu concorrente pode levar’. Isso não se justifica. Outro ponto é o salário. Querer a melhor pessoa do mundo em escala não razoável e em horário idem, não é algo coerente. Um recepcionista de hotel entra hoje com R$ 1,2 mil e em oito anos chega a R$ 3 mil. Isso é atestado pelos mapas de carreiras disponíveis em sites de busca de emprego. Muitas vezes estamos esquecendo de pontuar condições interessantes quando falamos de plano de carreira”.

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Desafios do setor

Mariana recomenda que a hotelaria comece a olhar para os candidatos com menos capacitação. “O aluno que entrou em uma faculdade privada não concebe trabalhar por valor menor do que a mensalidade que paga na universidade. Nas orientações trabalhistas, procuramos alternativas junto com os legisladores e advogados, acerca de jornadas de trabalho que se mostrem mais flexíveis e atraentes para os novos colaboradores”.

Outro desafio apontado por ela é a capacidade da empresa em fidelizar o seu colaborador. “Eu mesma já fui Blue Tree e posso atestar que a política da companhia retém talentos e incentiva novos colaboradores. A solução não está em um manual e devemos encontrá-la juntos”, finaliza.

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